27 novembro 2010

Vinde até mim, doce ilusão

Chegou arranhando as portas, deitou em sua cama, desfaleceu-se. Tinha corrido pela cidade procurando um refúgio que nunca iria encontrar, eles a perseguiam e calavam as vozes que ainda balbuciavam restos de esperança. Havia gritado, pedindo socorro, mas ninguém veio, ninguém viria, o grito não havia saído de sua garganta, as palavras fugiram de qualquer emoção ecoando no vazio do seu âmago. 

Agora, deitada em sua cama, tentava procurar por um Deus. Queria que ele viesse, mas o seu deus havia morrido com a sua infância, sabia que, como Nietzsche dizia: Deus é apenas uma figura que as pessoas criam para se livrar de uma solidão dentro de si. Acreditava em algo, mas em que? Não sabia, a muito tempo havia parado de buscar respostas para suas dúvidas suplicadas a um mundo surdo. Perguntou para o vazio que as poucos se materializava-se na sua frente, o quão ruim seria morrer agora.

Não obteve resposta.

Na manhã seguinte ela havia levantado como sempre fazia, mas quando olharam dentro de seus olhos verdes descobriram que a menina doce havia morrido. Não havia qualquer resto de vida em seu olhar. 

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