27 novembro 2010

Nada

Certos sentimentos não tem nome, como as várias lâminas da dor, que se instalam vagarosamente na sua vida, incorpora-se em você e se torna sempre presente. A menina olhara-se no espelho e viu o que todo o resto via, ali estava um corpo pálido, movido sistematicamente, sem expressão, inerte. Seu olhar parecia cansado e sem brilho e não transmitiam mais nenhuma emoção. O mundo parecia estático, a tarde estava chegando ao fim, e ela tão pouco havia notado, estava cética para a vida. Arrastou-se lentamente pela casa, deixando um rastro de lágrimas que não havia chorado, inundando o ar com cheiro de blues. Sentou-se na sua cadeira preferida, ao lado da janela, seu único contato com o mundo exterior. Lá fora a vida continuava, e o céu estava tingido com um por do sol em tons degrade. Mas ela não viu nada, e seus olhos tão pouco fizeram questão de ver algo. Respirou fundo e continuou ali, dando cada vez mais espaço aos que lhe preenchia: o nada.



" Ela gritou o máximo que podia
Mas ninguém vinha
Ninguém viria. "

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