09 setembro 2013

Quantas vezes a gente sobrevive a hora da verdade?

Se soubesse como os espinhos ferem minha pele, não me daria essas rosas, mesmo que sua intenção seja enfeitar meus dias. Evitaria abrir as janelas se entendesse que a claridade arde meus olhos. Suas rosas murcharão por falta de luz, e eu não as jogarei fora, embora machucada, gosto de quem me machuca e daquilo que contrasta com a realidade viva. Flores tem o gosto amargo do fim, representa tudo que é mortal, tudo aquilo que um dia foi belo e se esvaiu. Toda a vida que um dia aqui habitou e fugiu. Não me escreveria bilhetes enviados em meio as flores, porque suas palavras manipuladas ferem mais do que as que estão presas em minha garganta. Se soubesse como tudo isso me molesta e enfraquece desistiria de me prender e de todos esses discursos confusos. Como gostaria que compreendesse que meu canto é um pedido de liberdade. Na sua ânsia de não me perder, me prendeu em mim. Entenda, estamos presos e submersos no medo que cultivamos com tanto cuidado sem ao menos perceber. Nossas mãos estiveram unidas por tanto tempo que desaprendemos a andar sozinhos e ficamos cegos pelo medo da solidão. Quem é quebrado nunca poderá completar o outro e nossas promessas são remendos. Todas essas rosas e flores só servem para enfeitar o túmulo do que fomos um dia.

Me liberte. Me devolva. 

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