05 setembro 2013

Divago demais e você não me entende

Sou capaz de escutar a respiração de cada um de vocês. Isso me irrita. Eu queria um silêncio que não posso  ter, uma paz que não me é concedida, não lido bem com frustrações, e isso me irrita profundamente. Quero gritar, chorar, destruir. Porque o mundo é tão barulhento? A vida é barulhenta demais.

Todos são surdos? Porque o volume da TV está tão alto? Porque eu considero estar em um volume alto demais quando vocês me dizem estar baixo? Não está! Aquelas vozes me confundem. Dói. Irrita. Me dá uma vontade constante de chorar.

Porque ficam se mexendo? Movimentos tem barulhos excessivamente chatos. Me da agonia. Quero matar cada um que me faz escutar sua respiração. Quero que parem de respirar. Não é sempre que consigo escutá-los, mas tem vários momentos que consigo. É a vida debochando de mim, rindo da minha cara, me mostrando como as pessoas estão vivas enquanto eu pareço morte. Um dia talvez eu consiga os silenciar.

Porque essa torneira está pingando? Será que ninguém é capaz de ouvi-la e desligar?

Algo dentro de mim se remexe, inquieto. Uma raiva, uma frustração, lágrimas ameaçam sair. Não são de tristeza. São frutos da minha raiva. Algo aqui dentro parece querer sair, me deixa com uma ansiedade muito grande, mas meu corpo não responde. Continuo deitada. Continuo sem fazer nada além de chorar, coçar minha pele, balançar minha perna.

Nem sempre é assim, agora sou capaz de escutar muitos passarinhos, muitos carros, barulhos de passos, buzinas, vozes, telefones tocando. Não estou irritada com eles. Alguns barulhos eu me acostumei, escuto-os mas nada dentro de mim acorda. São bons momentos. Infelizmente outros sentidos costumam me perturbar então. Agora as luzes parecem fortes demais. Está saindo um sol que machuca meus olhos, faz doer minha cabeça e arder minha pele. Claridade é um pesadelo. Meu medo sempre foi da claridade.

Não gosto de sons que não autorizo que o mundo tenha. Entenda, eu aprecio uma boa música alta quando eu é quem coloco para tocar. Então não se trata de ter barulho, se trata de banir todos os outros barulhos, e ouvir apenas a música, o meu som. Minha música alta é silêncio em meus ouvidos, porque é quando não sou capaz de escutar as outras vidas. Quando nos sentimos mortos, a vida é uma ofensa.


Um comentário:

  1. É tão lindo e pessoal quando ler palavras que poderiam ter sido ditas por mim.
    É tão bom essa indentificação, o pensar de "alguém sente o que sinto".

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