17 agosto 2013

Sobre aquilo que sobrou


Eu pensei que tinha você também. Mas agora você não existe mais, parece apenas uma fantasia que criei para a minha solidão infinita. Eu pensei que tinha muitas pessoas. Nenhuma delas permaneceu, eram ilusões bonitas. Eram pássaros que voaram para longe. Eram eu. E eu não me tenho mais. De todas as minhas dores, essa é a mais forte, a fuga do meu eu. 

O tempo passou também e subitamente percebo que sumir não me assusta mais.Ser esquecido não é mais um problema. Não tenho mais medo do fogo, do castigo, do vazio, do nada. Na verdade fico feliz imaginando meu fim. Eu desejo a inconsciência e não fujo mais da tempestade que se aproxima. Deixo a escuridão me acolher. Havia um tempo em que eu fugia, não por mim mas pelos outros. Hoje e para sempre deixo a água me inundar. Já possuímos uma intimidade, eu e a tempestade. Ela conhece meu corpo, minha mente, sussurra com as batidas do meu coração como o fim pode ser uma solução. Meus olhos ficam nublados, mas eu vejo tudo. Minha voz permanece presa, mas meu grito é alto. Meu destino me aguarda, meu refúgio fúnebre está me esperando. Estou indo ao seu encontro.

Aceitem minhas desculpas e me deixem partir.

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