12 maio 2013

Sussurrando Verdades


É muito fácil encontrar determinação para fazer planos e criar sonhos na penumbra do seu quarto. E você é capaz de achar que irá cumpri-los, que o dia do "dessa vez será diferente" finalmente chegou. Então você abre a porta do quarto, e como em um soco no estomago, percebe que o mundo lá fora não trás a segurança do seu quarto, que a claridade faz seus olhos doerem e sua cabeça latejar, que o vento de ar puro parece lhe deixar tonto, como se quisesse lhe levar com ele. 

O exterior tem um tempo diferente do seu, enquanto para você a sensação é que nem se passou um dia, no mundo real já se passou uma semana, ou ao contrário, como se o seu relógio biológico estivesse tão quebrado que não sintoniza o tempo dos outros, cria um só para você, que não obedece as leis da física e da razão, que é capaz de voltar, de parar, de seguir, como se alguém estivesse vendo o filme da sua vida e em vez de deixar o filme passar fica pausando, desligando, avançando pra frente, voltando pro início, como uma eterna brincadeira. E você pensa por um minuto que se deus realmente existe deve ter um ótimo senso de humor.

Você anda calmamente pela casa, sem nada para fazer, como se procurasse aquela vontade que havia surgido quando estava no seu quarto, como se aquela esperança fosse encontrado embaixo de uma mesa ou atrás de uma porta. Se sente impotente e fraco, de certo foi toda aquela determinação que havia lhe surgido que sugou todas as suas forças e depois foi embora, lhe deixando sem nada. Senta no sofá e se distrai na internet, sente que passou apenas alguns minutos, mas ao olhar pela janela percebe que já é quase noite, seria muito difícil saber a hora e controlar o tempo sem um relógio e um calendário não é? 

Seus olhos começam a arder mais forte e cada coisa que olha parece irreal e gira. Finais de dias sempre são assim. Depois que retorna ao quarto, se esconde embaixo das cobertas e apaga a luz, sua mente começa a funcionar finalmente, mas de maneira tão rápida que parecem pensamentos desconexos e vozes sem sentido. Sentimentos surgem, mas quais você nunca soube dizer, é uma mistura indecifrável. E a determinação e a esperança dançam na sua frente, rindo da sua cara, deixam você tocá-las levemente para depois fugirem ou exibir o que perdes sussurrando promessas ou sonhos malucos aos seus ouvidos. Você poderia pegá-las, mas não tem força suficiente para isso, nunca teve. Como se corresse em direção ao fim do mundo, ao infinito, e depois de inúmeros passos percebe que nem saíra do lugar, sabe porque? Eu sei. É você mesmo que não se deixa voar, você é seu vilão, sempre foi.

Eu conto essa história em sua mente enquanto seus olhos estão quase se fechando e o limite da realidade e a loucura não existe mais. Amanhã não passará de um sonho distorcido.

 Boa noite querido. Sussurro por fim, mas deixo um eco em seu cérebro que diz:

Voe. 


2 comentários:

  1. "O exterior tem um tempo diferente do seu, enquanto para você a sensação é que nem se passou um dia, no mundo real já se passou uma semana, ou ao contrário, como se o seu relógio biológico estivesse tão quebrado que não sintoniza o tempo dos outros, cria um só para você, que não obedece as leis da física e da razão, que é capaz de voltar, de parar, de seguir, como se alguém estivesse vendo o filme da sua vida e em vez de deixar o filme passar fica pausando, desligando, avançando pra frente, voltando pro início, como uma eterna brincadeira."
    Parece que não sou o único pássaro, que teve suas asas quebradas e desaprendeu a voar.

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