09 março 2013

Como sairei desse labirinto?

Pois todos os que já perderam o rumo na vida se sentiram perturbados com a insistência dessa pergunta. Em algum momento, todos nós olhamos em volta e percebemos que estamos perdidos num labirinto.

Nome: Quem é Você Alasca?
Autor: John Green
Páginas (livro impresso): 229
Lido como ebook

"Somos capazes de sobreviver a essas coisas horríveis, pois somos tão indestrutíveis quanto pensamos ser. Quando os adultos dizem: “Os adolescentes se acham invencíveis”, com aquele sorriso malicioso e idiota estampado na cara, eles não sabem quanto estão certos. Não devemos perder a esperança, pois jamais seremos irremediavelmente feridos. Pensamos que somos invencíveis porque realmente somos. Não nascemos, nem morremos. Como toda energia, nós simplesmente mudamos de forma, de tamanho e de manifestação. Os adultos se esquecem disso quando envelhecem. Ficam com medo de perder e de fracassar. Mas essa parte que é maior do que a soma das partes não tem começo e não tem fim, e, portanto, não pode falhar.” (trecho do livro).

Depois de ler "A Culpa é das Estrelas" fiquei com muita vontade de ler o primeiro romance do escritor, publicado aqui no Brasil como "Quem é Você Alasca?" Então finalmente consegui o ebook e li o livro em uma noite, impossível parar! Não chega a ser tão bom quando "A Culpa é das Estrelas", por exemplo, o começo eu achei meio chato, mas depois que eu conheci os personagens melhor, principalmente quem conta a história (que é um menino) eu passei a gostar e não parei de ler mais. 

A história mistura elementos adolescentes, com clichês comuns dessa época, e pensamentos mais complexos, como os romances mais adultos. Tem partes engraçadas, que dei risada, e partes muito tristes, que chorei de verdade (eu costumo 'entrar' nas histórias de verdade, então tenho crises de risada, choros, ódio, amor, etc, dependendo da história). Por trás de uma história adolescente tem um grande drama psicológico, são partes que faz você refletir de verdade. É isso que eu adoro no John Green, ele consegue misturar o adulto com o jovem, o engraçado e irônico, e é fiel a nossa realidade, ou seja, nem sempre as coisas dão certas, os personagens tem defeitos e qualidades e o amor é incerto, como na vida.

A história é contada por um menino, chamado de Miles Halter, depois apelidado de Gordo, um apelido irônico porque ele era muito magro, de 16 anos. No começo isso me desanimou porque achei que o personagem poderia ser muito infantil, mas ele é muito adulto para a idade, tem uma grande percepção de tudo ao seu redor e não se prende aos problemas de adolescentes comuns em livros nesse estilo. Gostei da visão de um menino sobre as coisas, como por exemplo, as partes em que ele conta sobre seu corpo e seu primeiro sexo oral. É ele quem faz as reflexões sobre os outros personagens, mas com Alasca, uma menina que conhece no colégio interno, ele tem dificuldade em entende-la, como se ela fosse várias pessoas em uma só. Eu gostei da Alasca, ela parece tão real, com problemas tão verdadeiros que é impossível não imaginá-la como sendo real. Mas quando eu digo que gostei dela não quer dizer que ela seja aquele personagem perfeita, apenas é única, quase real, e é isso que espero de personagens.

"Às vezes, não entendo você", eu disse.
Ela nem mesmo olhou pra mim. 
Apenas sorriu para a tevê e disse:
"Você nunca me entende. Essa é a graça."
trecho do livro

Existem livros que te atingem emocionalmente, os meus preferidos, e esse com certeza faz parte desses. Virou um dos meus livros favoritos, e recomendo para todos a leitura, e que não se deixem levar pela impressão que é apenas um livro adolescente, na verdade, para entender realmente a história e os personagens você precisa ter uma grande percepção e conhecimento psicológico ou não irá compreender as 'entrelinhas' e poderá achar apenas uma história jovem clichê. Leia o drama psicológico e entenda (ou não), mas sinta, entre na história ou não conseguirá compreende-la. 

Trechos:

"Passamos a vida inteira no labirinto, perdidos, pensando em como um dia conseguiremos escapar e em quanto será legal. Imaginar este futuro é o que nos impulsiona para frente, mas nunca fazemos nada. Simplesmente usamos o futuro para escapar do presente”. (Resumo da minha vida)



"Alasca terminou o cigarro e atirou no rio:
- Por que você fuma tão depressa? Perguntei.
Ela me olhou e abriu um sorriso largo, e um sorriso assim tão largo em seu rosto estreito talvez lhe desse um ar meio tolo não fosse a inquestionável elegância de seus olhos verdes. Ela sorriu com todo o encantamento de uma criança na noite de Natal e disse:
-Vocês fumam para saborear. Eu fumo para morrer”.

Eu queria tanto me deitar ao lado dela, envolvê-la em meus braços e adormecer. Não queria transar, como nos filmes. Nem mesmo fazer amor. Só queria dormir com ela, no sentido mais inocente da palavra. Mas eu não tinha coragem. Ela tinha namorado. Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu era garoa e ela, um furacão.

E se você já leu o livro, vale a pena assistir esse vídeo, em que o escritor mostra os lugares que descreveu no livro. No vídeo ele conta que era parecido com o Miles (personagem que conta a história no livro) e que usou como base os lugares que frequentava quando estudava em uma escola interna no Alabama.

 

*título do post é um trecho do livro

2 comentários:

  1. É um dos meus livros favoritos! Me tocou muito essa história; a Alasca é apaixonante, é extremamente interessante. Eu refleti sobre várias coisas lendo o livro, ele me ajudou muito. Considero “Quem é você, Alasca” e “Tartarugas até lá embaixo” os melhores livros do J. Green; e sou muito fã dele.

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