06 maio 2011

Sobre o veneno que escorre em minhas palavras

Poucas pessoas gostam de ler textos escuros e tristes, que doem por dentro como uma faca cortando para fora. Meus textos são assim, crus, duros, reais. Escrever para mim é como um sofrimento seguro, me doer sem que outros percebam, me auto-mutilar sem que de louca eu fosse chamada. Minhas palavras saltam nos abismos da minha mente e voam para fora de mim sem que eu possa controlar, são ácidas e intocáveis, são como um suicídio premeditado em seus mínimos detalhes, como a tristeza do fim e a ilusão do começo.   

Percebem como meus textos fogem do padrão de textos adorados atuais? Eu não cultivo o amor não correspondido, não idolatro Deus, não falo em esperança, não palavreio frases clichês e não tenho vergonha de mostrar meu lado negro. Você pode me pedir para ver a alegria nesses dias monótonos, e eu vejo, só que ela não pertence a mim, são como as estrelas, tão mencionadas nesse blog, que me fascina. posso admirá-las mas jamais serão minhas. Não me entenda mal, eu não me queixo da vida, não odeio o meu mundo,só falo o que eu vejo e sinto, sem remorsos, sem dores maiores, sem vergonha resultante. Gosto de criticar, como uma juíza que já foi condenada, prefiro não me olhar no espelho, prefiro fugir dos meus erros, prefiro me enterrar na fantasia. Essa sou eu, como um café forte que lhe queimará sua garganta, como uma faca afiada que lhe arrebentará suas entranhas, como a ilusão da alegria que nunca será sua. Não pertenço a mim, não pertenço a você, talvez seja por isso que ninguém nunca me teve, fugir é meu outro nome, adiar é o que faço de melhor. Posso ser a dor, mas você gosta de sofrer, posso ser o sangue que você admira a escorrer, sou o êxtase do fim, o veneno que sempre destruiu tudo ao seu redor, um veneno diferente, daqueles que param de funcionar quando você anseia pelo fim, daqueles que lhe dá a vida como castigo. Veja bem, eu não mato, eu só dou a proteção do sofrimento de minhas palavras e deixo você despedaçado como eu. Não, não é egoísmo, sou apenas eu.

E envenenar-se é necessário, tanto quanto amor ou a doce e velha esperança, pois a alegria de viver é como um veneno mortal disfarçado de vinho tinto. Tudo é questão de dosar a dor, a morte, pena que eu perdi meu conta-gotas. 


Cale suas interrogações sobre mim. As respostas estão aqui. Leia-me. Não fujo mais e nem temo.

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