25 janeiro 2011

    "Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais suavidade que qualquer outra criatura sobre a terra. A partir do momento em que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro-alvar e só descansa quando encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E, morrendo, sublima sua própria agonia e despede um canto mais belo que o da cotovia e do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mas o mundo pára pra ouvi-lo, e Deus sorri no céu. Pois o melhor só se adquire à custa de um grande sofrimento... Pelo menos é o que diz a lenda

    O pássaro com o espinho cravado no peito segue uma lei imutável; impelido por ela, não sabe o que é empalar-se e morre cantando. No instante em que o espinho penetra não há consciência nele de morrer no futuro; limita-se a cantar e cata até que não lhe sobre vida para emitir uma unica nota. Mas nós, quando enfiamos os espinhos no peito, bem sabemos. Compreendemos. E assim mesmo o fazemos. Assim mesmo o fazemos."


Pássaros Feridos - Collen McCullogh



    Eu li esse livro em 2007, e apesar de ter lido muitos outros livros ótimos, é desse que sempre me lembro. Naquela época esse trecho sempre me chamava atenção, e lendo eu pensava que compreendia o que estava escrito. Como fui ingênua. Muitas coisas só se entende lendo várias vezes, e o principal, esvaziar a mente e os preconceitos no momento da leitura, mas poucas pessoas sabem disso, ou apenas tem preguiça. Hoje, 3 anos depois, pela primeira vez entendi o que essa lenda ensina,e por incrível que pareça não dá pra explicá-la, a compreensão tem que surgir de dentro de você, só assim fará a diferença. Eu espero que faça a diferença, sei que só depende de mim, mas tal fato nunca limitou alguém a se auto prejudicar, não é mesmo?

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