23 dezembro 2010

Sou o que ninguém vê

Eu devo ter esquecido a cabeça dentro do livro afinal. Talvez eu tenha ficado presa em alguma história, nas páginas amareladas de um livro qualquer. Mas eu sempre fui assim. Eu olho pro mundo, pra todas aquelas pessoas, luzes e barulhos, e não vejo nada, não sinto nada.


Um dia, quando criança talvez, costuraram as minhas asas, e eu que sempre achei que poderia voar livremente, caí  no chão de concreto de uma vida em tons cinzentos. Eles me esmagaram e desde então me vejo tão pequena, quiseram me prender no cotidiano, e conseguiram. Aos poucos sinto que meus pensamentos estão sendo invadidos pela realidade. Estão conseguindo, no fim de todo esse processo, eu me tornarei um simples robô, comandado pelos canais da TV, pelas fofocas podres, pelos pensamentos alheios. Quem sabe, se desde o início eu tivesse sido igual a todos, talvez eu estivesse em paz agora.





" Não encontro mais palavra, o verbo foi se deitar, a ação do sujeito está impedida por um advérbio de tempo, ou de lugar, ou de modo. Seja como for, a única tentativa era adjetivar a dor, mas ela me deixou sem nenhum argumento." 


Trecho em itálico retirado do blog: http://pensamentopolaroid.blogspot.com

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