27 dezembro 2010

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       O natal e o ano novo lhe provocava arrepios. Não entendia porque tamanha exaltação perto desses dias, e como a falsidade das pessoas ao seu redor aumentavam à medida que se aproximava essas datas festivas. Um dia acreditara realmente em papai noel, mas desistiu quando percebeu que se realmente existisse algum "bom velhinho", ele era bom só com as pessoas ricas, afinal, as pobres ou sem condições continuavam a esperar seus presentes que jamais chegariam, "sou uma criança má papai noel?".  

      A família reunida na sala e a solidão ao redor dela, não respondiam ao que perguntavam, não queria responder, não sabia mentir tão descaradamente e tentar inventar outra realidade inexistente, como os outros faziam, " ou tentavam" . Começou a sentir-se tola em meio a uma sociedade hipócrita e egoísta. Não queria presentes, não queria fazer promessas que novamente não seriam cumpridas, não queria sentir o tempo passar, porque dentro dela tudo estava tão estático que sentia-se tonta ao olhar pro lado de fora. E observava o abismo que ela mesmo provocara para fugir dos seus próprios monstros.

     Naquele natal ela não comemorou, apreciou a vida alheia e se contentou em observar os fatos ao seu redor. Precisava mudar o tempo em que ela mesmo vivia, estava atrasada para a vida. A maneira como suportamos o vazio é o que determina se merecemos que ele se encha. Ela precisava recomeçar, e comemorar seu próprio ano novo ou natal nem que seja no meio do ano.

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