30 abril 2012

Mais uma história sentimental clichê


Ela sentia demais, e era intensa. Quando estava triste parecia que era o seu fim, quando estava feliz parecia ser a maior felicidade jamais vista. Isso era ela, extremos apenas. Nasceu prematura, pequena e magra, como se quisesse sumir do mundo antes mesmo de existir, mas sobreviveu, com alguma dor inexplicável. Chorava madrugadas inteiras sem nenhum motivo aparente, não dormia no berço e não admitia ficar sozinha, dizem que ela era braba e intensa mesmo sem saber falar, e quando ficava braba faltava-lhe o ar e sua pele pálida ficava em tons roxos, parecia a morte, mas era só mais um extremo da vida. Cresceu, começou a falar e perguntava sobre tudo e todos, queria absorver a maior quantidade de informação necessária, queria ser especial, formou suas próprias idéias aos 8 anos e enfrentava seus pais com argumentos sólidos, ninguém a vencia. Veio então a fase mais complicada da vida, dizem os mais velhos, a adolescência, e com ela seus extremos pioraram, passou a sentir demais, essa era a doença dela, sentia e via coisas que ninguém podia, tinha medo de coisas que ninguém mais via, sentia alegria por coisas que apenas ela entendia. Tinha histórias na sua mente, umas inventadas e outras verídicas, que saiam dela para o resto do mundo, mas o mundo não escuta nada, constatação que chegara meio tarde demais. Hoje ela é muito quieta, quase passa despercebida, não faz questão de perder palavras para uma platéia ruim. Simples.

Conhecia pouco do amor, e tinha dificuldade de saber se oque sentia era amor, ódio, raiva, felicidade ou paixão. Também não é de tolerar pessoas indesejadas, e sua sinceridade forte chegou a destruir tudo ao seu redor, as pessoas esqueceram ou desaprenderam a dizer verdades e ela era a unica em quilômetros que ainda se arriscava a ser diferente. Chegou a conclusão que para ser feliz é preciso saber ignorar muita coisa, e ela não tinha esse dom, contentou-se com seu jeito de ser, assumiu uma máscara de sociabilidade para não chamar muita atenção, ela sabia fingir da mesma maneira que sabia falar verdades. Se a perguntavam como ela conseguia fingir viver, ela respondia sem exitar "da mesma maneira que você finge se importar".

Ela ficará bem, também aprendeu que mesmo quando parece que é o fim do seu mundo um outro dia sempre acaba amanhecendo, e ela sempre acorda da mesma maneira que na noite anterior. É, nada é tão fácil assim.

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