05 março 2012

O fogo logo vira brasa. Todos nós viramos cinzas.

"Então é assim que tudo termina". Pensou o velhinho, sentado na sua cadeira de rodas observando o amanhecer de mais um novo dia, que para ele seria o ultimo. Viveu tantos anos, conheceu tantas pessoas, sofreu por tantos amores, e hoje está sozinho, o fim é uma passagem singular, e não importa quantas pessoas tenha conquistado, no final sempre estará sozinho. 
Ele não foi um grande homem, não foi rico, nem político, nem escritor, nem ator, não teve seu nome nos jornais, não teve grandes histórias para contar para os seus netos, nem ao menos teve netos, ou filhos. É óbvio que no fim desse conto o velho morre, assim como um dia você vai morrer, mas o velhinho nunca gostou de coisas óbvias, e com certeza, se pudesse ler esse texto, detestaria. Ele não teve história, se é isso que você espera que eu conte. Teve amores comuns, cachorro comum, vida comum, até as flores no seu jardim eram comuns. Mas ele conseguiu fazer algumas pessoas felizes ao longo da vida, salvou alguns animais da rua, regou algumas plantas murchas, e pela primeira vez, era disso que se orgulhava. 
O velho morreu na manhã de um dia de inverno, de olhos abertos, olhando para a janela, deixou para o mundo o único pingo de felicidade que ainda continha no meio da sua tristezas, deixou uma pegada quase invisível de existência misturado com um pouco de amor pelas coisas simples que tinha.

Os finais são previsíveis, tanto nos filmes como na vida. As pessoas apenas nutrem insegurança e preocupações para provarem a si mesmas que estão vivas.


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