11 fevereiro 2012

Recomeçar

O tempo passara rápido demais. O recomeço estava próximo, mas ela continuava fugindo e indo de encontro ao fim. Não que não desejasse mudar, mas não sabia como fazer, teria que se refazer inteira e isso lhe cansava só de pensar, se sentia presa em um mundo que não era seu, em um corpo que não lhe pertencia, e não há pior sentimento que o abandono de si mesma. 
Mesmo que não quisesse, os dias continuavam passando, o sol sempre voltava a nascer, os passarinhos sempre voltavam a cantar, mas ela não via, não ouvia. Queria voar, mas seus pés lhe prendiam no chão, queria mudar de vida enquanto a vida trepava com outro, queria, só queria. Talvez ela nunca mudaria, afinal, não se concerta o que já nasce com defeito não é? E ela sempre fora assim, as vezes em maior intensidade, as vezes menos, mas nunca deixava de ter esse abismo dentro dela, essa doença na alma, esse nada que a define. O que faria quando a vida lhe cobrasse o viver? Conseguiria seguir uma rotina como os outros ou padeceria em uma cama em um quarto qualquer? Ela não sabia, e não se importava mais. Foda-se.


Todos nós nascemos para esperar
Não sabemos o que
Mas esperamos.

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