28 agosto 2011

Se não for pra me salvar, deixe-me morrer

 Lembrei-me então de ter morrido, de ter me deixado morrer, não teve enterro, ninguém nem sequer percebeu, talvez porque não tinha ninguém ao redor pra perceber. Pensei em coisas suaves e de cores neutras, como forma de luto pelo meu eu falecido, no meio de tanta escuridão, quem sabe eu veja a minha luz de novo. Parece clichê, admito, me tornei repetitiva, talvez eu deva desaparecer um pouco, sinto que minhas energias se esgotaram, e eu vivo apenas no limiar da rotina. Não posso mais escrever porque não vivo mais, não sinto mais e tenho a sensação de que escrever não alivia mais minha dor.  Queria, nesse momento, ser a perfeita carta de adeus, mas não passo de uma folha em branco, amarelada pelo tempo que fiquei sem viver. Enquanto eu via as pessoas escrevendo nos seus livros, eu destruía minhas lembranças e rasgava minhas histórias. Hoje estou tão vazia e tão leve, que qualquer desapontamento que aparecer de novo vai me levar pra longe, vai acabar de vez comigo. Sou apenas um livro esquecido em uma estante. Ninguém consegue me ler mais.





Um comentário:

  1. de desapontamentos vivemos, morremos e aprendemos, pelo que leio em teu blog percebo que tua vida não anda lá tão boa... mas parando pra pensar e tentando analisar a situação sem nem ao menos saber das tuas histórias, te pergunto: Será que a mudança não se encontra dentro de você mesma?... "Queria, nesse momento, ser a perfeita carta de adeus, mas não passo de uma folha em branco, amarelada pelo tempo que fiquei sem viver." tocasse meu coração com isto, mas aí eu te pergunto outra coisa: e se ao invés de ser a carta de adeus, você comece a escrever o teu próprio "livro"? deixando as folhas antigas mofarem, fazendo com que um novo mundo se crie e assim você consiga voar pelas estantes deixando de pairar sobre o pó, deixe mofar os restos do passado, clareie as tuas folhas, faça a tua história.
    espero que te cuides, e já de antemão lhe peço perdão pelas minhas palavras.
    ps: tentei mandar isto no teu tumblr, mas não entendo muito das coisas por lá ;(

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