13 abril 2011

Só me resta andar sob os destroços

     Sentia uma necessidade de viver, mas uma ânsia maior ainda pelo fim. Sentia saudades dos frios na barriga, do esperar algum acontecimento, do antecipar dos atos premeditados, ultimamente o único sentimento resultante fora o eterno tédio e risadas superficiais enquanto brincava com sua vira-lata barulhenta. Pelo menos ainda dava felicidade para seu animal de estimação, e ainda recebia lambidas nas mãos e euforia . Isso a mantia viva, por incrível que pareça, era aquele ser irracional apenas que lhe fazia companhia nos dias solitários.
     Vivendo no marasmo dos sonhos fracassados planejava ressuscitar sem no entanto obter força para isso. Quanto tempo alguém aguenta viver no vácuo dos dias, perdida no tempo? Não sabia responder, e preferia não pensar. A doce menina morrera e o que sobrou foi apenas um projeto falhado de adulto imperfeito. Precisava fazer o enterro de si mesma para renascer em paz.



"A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso. A palavra foi feita para dizer." Graciliano Ramos.

Não espere palavras doces aqui. Minhas palavras não são enfeites. São punhais.

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