21 abril 2011

Este momento existe para sempre. E você sozinho é a platéia sua

    Ela se destruía dia após dia, isso quando percebia o tempo, porque na maior parte das vezes o tempo fugia dela assim como sua vida escorria pelas suas garras sedentas de alegria. Quantas pessoas poderia ter sido e não foi? Se tornou uma incógnita sem graça a espera de um milagre, mesmo sem acreditar. Não suportava mais a própria companhia e não tinha mais sonhos quando dormia, só pesadelos. Sempre. Dormir estava lhe matando, acordava fraca e com dores pelo corpo, e se decepcionava porque nada mudou desde que fechara seus olhos, as vezes nem sequer notaram a sua ausência. Ela é assim, dizem. Pois não era, isso não era ela, esse não era o seu mundo.
    Toda a vida que não havia vivido ficara latejando dentro de si mesmo, e temia que pudesse ser sempre assim. As luzes se apagaram, e não podia mais contar consigo mesmo. Coitada, não aprendera a viver sua ruindade e sucumbia a solidão que não soube superar. Dentro do se âmago, seus cães ferozes rosnavam por liberdade. Escute... Pode ouvi-los? Eles vão se libertar um dia, e disso ela sabia perfeitamente. Foi quando soube que podia se livrar deles, talvez, mas eles eram seus pequenos demônios, para que desistir daqueles que estiveram com ela até agora? Apesar de comerem seus sentimentos e se alimentarem do tédio e vida perdida, eles eram seus, e se preocupavam quando não voltava para casa ou quando se afogava no sono, eram eles que a libertavam do coma. Sabia que não se livraria deles, a culpa era sua por nunca ter colocado ordem em sua vida. Ansiava pelo fim, sentia prazer em controlar pelos menos a ultima coisa que lhe restava, a morte.


* Título do post escrito por Nietzsche, filósofo.  

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