03 março 2011

O Livreiro de Cabul

Livro: O Livreiro de Cabul
Escritor(a): Asne Seierstad
Editora: Record


       Alguns trechos do livro:

     "O que me revoltava era sempre a mesma coisa: a maneira como os homens tratavam as mulheres. A crença na superioridade masculina era tão impregnada que raramente era objeto de questionamento. Em discussões ficava claro que, para a maioria deles, as mulheres são de fato mais burras que os homens, que o cérebro delas é menor e que não podem pensar de maneira tão clara quanto os homens.
     Eu era vista como uma espécie de criatura bissexuada. Como mulher ocidental eu podia me misturar tanto com as mulheres quanto com os homens." Pág 13

     " Eu vestia a burca mais para saber como é ser uma mulher afegã. Como é espremer-se num dos três bancos traseiros de um ônibus quando há muitos bancos livres na frente. Como é dobrar-se no porta-malas de um táxi porque há um homem no banco de trás. Como é ser olhada como uma burca alta e atraente e, ao passar pela rua, receber o primeiro elogio "burca" de um homem.
     Com o tempo passei a odiá-la. A burca aperta e dá dor de cabeça, enxerga-se mal através da rede bordada. É abafada, deixando entrar pouco ar, e logo faz suas. É preciso tomar cuidado o tempo todo onde pisar, porque não podemos ver nossos pés, e como junta um monte de lixo, fica suja e atrapalha. Era um alivio tirá-la ao chegar em casa." Pág 14

    " Mulheres jovens são, antes de mais nada, um objeto de troca e venda. Um casamento é um contrato entre famílias ou dentro de uma família. A vantagem que o casamento pode ter para o clã é o que determina tudo _ sentimentos raramente são levados em consideração; Durante séculos as mulheres afegãs tem suportado a injustiça cometida contra elas. Mas em canções e poemas as próprias mulheres dão seu testemunho. São canções para ninguém ouvir, e até o eco permanece nas montanhas ou no deserto.
   Elas protestam "se suicidando ou cantando", escreveu o poeta afegão Sayed Bahoudin Majrouh num livro de poemas das próprias mulheres pashtun... :

 " Pessoas cruéis vêem um velhinho a caminho da minha cama. E ainda me perguntam por que choro e arranco os cabelos. Meu Deus! De novo me mandastes a noite escura. E de novo tremo da cabeça aos pés por ter que subir na cama que odeio."

 " Mergulho nas águas, mas a correnteza não quer me levar, Meu marido tem sorte, meu corpo sempre volta à beira do rio."

Pág  55, 56, 57.


Só uma palavra depois de tudo isso: Repugnante! 

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