14 março 2011

Mais uma história qualquer

     
    As folhas caiam anunciando o início do outono, mas ela era o inverno e o frio, o frio que se aquece com a luz do sol, e ele era o calor do sol que derretia seu isolamento. Ambos era a perfeição, se combinavam, embora fossem tão distintos, peças de um quebra cabeça invertido que talvez por isso se combinassem. E assim, juntos, viveram muito outonos , mas não esse. Helena ainda se perguntava e porque do fim, mesmo sabendo, que nem todos os finais tem uma explicação plausível. Percebera, embora tarde demais, seu maior erro, ela havia se misturado a ele e perdido sua verdadeira identidade. Talvez o erro fosse ela, pensava calmamente enquanto sorvia o desgosto. Nunca fora humana o suficiente para amar, diziam que lhe faltava algo, mas em seu intimo sabia que o problema não era a falta, e sim a sobra, transbordava em si mesmo. 
     O verdadeiro amor não nasce em meio em meio a confusões e raiva e era apenas isso que ela podia oferecer. Um dia o amor gritara dentro dela, não mais. Talvez tivera precipitado tudo por acreditar que apenas os amores infelizes existissem de fato, não é isso que se ensinam nos romances?
    Naquela manhã Helena chorou, lágrimas ácidas que antes lhe corroíam as entranhas, chorou pelo que era e pelo que podia ter sido, mas não foi. Se odiava ao pensar quão manipuladora se tornara e como se fazia em múltiplos pedaços para que ele viesse correndo juntar. Decidiu não se levantar naquela manhã, não que tal ato fosse unanimidade, mas hoje era diferente, o ar pesava em seus pulmões e as lágrimas formavam uma neblina em seu olhar. Permitiu então se afogar naquele momento inoportuno de tristeza. Disse adeus e aceitou qualquer fim. O amor era isso afinal, uma auto-flagelação, uma certa demência. Ela precisava morrer para que de vida fosse refeita. Fechou os olhos e de alguma maneira deixou-se morrer. Afinal, amar era morrer, e isso era tudo que sabia do amor.




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