03 novembro 2010

Congenitamente Inadaptados

"Nascemos podres de corpo e alma, somos congenitamente inadaptados; suprimam o ópio, não suprimirão a necessidade do crime, os cânceres do corpo e da alma, a inclinação para o desespero, o cretinismo inato, a sífilis hereditária, a fragilidade dos instintos; não impedirão que haja almas destinadas a seja qual for o veneno, veneno da morfina, veneno da leitura, veneno do isolamento, veneno do onanismo, veneno dos coitos repetidos, veneno da arraigada fraqueza da alma, veneno do álcool, veneno do tabaco, veneno da anti-sociabilidade. Há almas incuráveis e perdidas para o restante da sociedade. Suprimam-lhes um dos meios para chegar à loucura: inventarão dez mil outros. Criarão meios mais sutis, mais selvagens; meios absolutamente desesperados. A própria natureza é anti-social na sua essência - só por uma usurpação de poderes que o corpo da sociedade consegue reagir contra a tendência natural da humanidade. 
(...)
Além do mais, os perdidos são perdidos por sua própria natureza; todas as idéias de regeneração moral de nada servem; há um determinismo inato, há uma incurabilidade definitiva no suicídio, no crime, na idiotia, na loucura. Há uma invencível corneação entre os homens: há uma fragilidade do caráter, há uma castração do espírito."

(Antonin Artaud)

Lembrei desse trecho, que havia lido em algum lugar, e resolvi postar aqui. Me veio a mente porque tenho que fazer uma dissertação sobre violência e citar alguma medida que funcione, mas eu duvido que isso exista, como disse Artaud: "Nascemos podres de corpo e alma, somos congenitamente inadaptados."



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